Religião


Religião

            Meditando seriamente sobre o que acontece com as religiões no mundo atual, constatei que desde tempos imemoriáveis, a religião foi e continua sendo um dos principais pilares do fomento às guerras. Desde os tempos em que o politeísmo, era regra geral, os próprios deuses guerreavam entre si. Depois com o advento o monoteísmo, as diferentes crenças começaram a se digladiar de forma cada vez mais cruel. 

            Vejamos no princípio da religião cristã, as perseguições que ocorreram aos adeptos da nova filosofia pregada pelo Cristo. ELE não pregou nenhuma religião, mas uma filosofia onde a regra geral era “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Nisto se encerrava aqueles dez mandamentos que Moisés disse que o próprio Deus o entregou no Sinai. 

            Enquanto era somente um estilo de vida dos novos seguidores dos ensinamentos do Nazareno, eram perseguidos. Com o passar do tempo, organizaram e fundaram uma religião, propalando os ensinamentos que o Redentor deixou com seus apóstolos. Esta religião foi ficando cada vez mais forte e após alguns séculos, tornou-se no ocidente, a mais importante corrente religiosa. Suplantou a própria religião judia, tornando-se preponderante, principalmente depois que se mudou para Roma e adquiriu fortunas. A partir daí, começou a fazer justamente o que condenavam nas outras religiões, ou seja, começaram a perseguir os crentes em outras fé. 

            O mesmo aconteceu com os muçulmanos que depois da morte de Muhamad e Amr, fizeram o mesmo que foi feito com a religião católica. E ambos partiram para conquistarem novos adeptos, não importando como. Nesta operação de conquista, foram travadas várias guerras, que por ironia dos soberanos a denominaram de Guerras Santas, não sei por que. Foram milhares de inocentes mortos simplesmente porque professavam uma fé diferente daquela dos conquistadores.      Neste período foram fundados de ambos os lados forças especiais que até hoje atuam, de modo e em parte diferente daquele, mas com a mesma e talvez mais truculência e maldade. 

            Vemos na Idade média o advento com Santo Ofício ou Inquisição que durou do século XVI até o Século XX, mais precisamente até o ano de 1965, sem contar com as outras Inquisições que tiveram seu início no século XII para combater os Cátaros. Todas eram relacionadas ao sincretismo religioso, e sempre punidas com penas extremamente duras, sendo a mais comum a morte na fogueira, como estamos cansados de ver em filmes sobre o assunto, sendo que o filme “A Sombra de Goia” foi um dos que me marcaram mais. 

            Voltando aos tempos atuais, vemos o digladiar entre as diversas facções religiosas que partirem para a verborragia dos seus representantes, e nos casos dos seguidores de Alah, os atentados perpetrados aos que não professam a mesma crença, a eterna luta contra os seguidores de Judá e estes, a procura infame por lucros cada vez maiores, querendo dominar o mundo por meio das riquezas conquistadas na maioria das vezes com atos violentos. Os que optaram para o catolicismo, dividido em várias igrejas diferentes, buscaram na mídia um meio de abocanhar cada vez mais adeptos, e com este abocanhamento, mais lucros para seus cofres. Todas fazem isto de modo indiscriminado, não importando se com o dízimo ou o óbolo, mas sempre com o fito em algum lucro. 

            Não tenho religião nenhuma, creio simplesmente que um Criador de extrema sabedoria criou o que conhecemos como Universo, foi o Arquiteto Supremo. Este Criador ou Arquiteto Supremo, ou ainda Deus, não nos colocou aqui para negociarmos por coisas Dele, mas sim para que possamos evoluir e um dia podermos estar perante Ele. Ele não nos mandou fazer guerra em seu nome, não nos mandou arrebanhar riquezas para sua casa, mas simplesmente nos mandou seus melhores Representantes para nos nortear, nos ensinar que caminho seguir para que esta evolução seja a mais rápida possível. Sócrates, Cristo, Buda, Muhamad e Amr, Confúncio, Allan Kardec, Ghandi, Chico Xavier entre outros, sempre nos mostraram que é o amor o que mais importa, que crenças são dogmas e ritos que as igrejas inventaram para que seus fieis sigam, e com isto, dominarem cada vez mais os mesmos. 

            Pelo que já estudei até hoje, com um olhar crítico, todas as religiões pecam pelo fato que os ritos e dogmas são mais importante que o amor ao próximo, que os ritos e dogmas são mais importante que a caridade, que o culto à personalidade, ao santo, a um ícone ou um livro é mais importante que o amor ao Criador. Alguns se aventam em representantes de Deus aqui na Terra e com isto amealham grandes fortunas, exigindo de seus fieis, sacrifícios muitas vezes acima de suas possibilidades.Comerciam com as coisas que dizem divinas, colocam o lucro acima de tudo, e isto é uma guerra, não armada, mas dissimulada, conquistada pela eloqüência retórica própria ou de seus representantes. 

            Se o Supremo Arquiteto é o Criador, e todo o Universo é Dele, precisaria este Deus de donativos, de dízimos, de óbolos. A meu ver acho que não. Desde a mais tenra idade deixei de ir à igreja por divergência de pensamentos, do modo de ver a religião diferente da que nos pregavam no catecismo. Aos oito anos, portanto a cinqüenta e um anos, deixei de freqüentar a igreja e não me arrependo nem um minuto. Não sou contra nenhuma religião, sou contra o comércio, contra os ritos, os dogmas, as panelinhas, as preferências. Se como dizem, somos todos filhos de Deus, então somos todos iguais.  Por que dos segredos, por que das preferências, por que de ritos e dogmas, de sacramentos, condenando à fogueira os que não seguem o estabelecido por eles. De que me adianta mostrar para o povo que estou participando de um ato, que estou jejuando, que estou me comungando ou outro ato qualquer, se o meu coração continua frio, duro como uma pedra.

            Existe uma frase que foi atribuída a François-Marie Arouet, o conhecido Voltaire que diz: "Eu acredito no Deus que criou os homens, e não no Deus que os homens criaram", traduz tudo o que sinto e penso sobre as religiões e os deuses, sem ritos, sem sacramentos, sem dogmas, sem segredos. Mesmo os mais letrados teólogos ainda engatinham a procura do significado das coisas e muitas vezes o mais humilde dos mortais tem a resposta que lhe foi revelada na observação das pequenas coisas. 

            José Ricardo Pereira
            Deca
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Ótimo artigo do Luiz Felipe Pondé, publicado na Folha de São Paulo versando sobre o papado de Joseph Ratzinger.  Nele se falou quase tudo do que acontece com a Igreja Católica na atualidade.

 
          Joseph Ratzinger é um dos maiores teólogos vivos do cristianismo. Como papa Bento 16, fracassou. 

           Conservador, um tanto liberal no começo de sua carreira, Bento 16 iniciou seu papado com um projeto, já em curso quando era a eminência parda intelectual de João Paulo 2º, de pôr "medida" na herança do Concílio Vaticano 2º, verdadeira "revolução liberal" na Igreja Católica.Já nos anos 80 atacava a teologia da libertação latino-americana por considerá-la certa quanto ao carisma profético bíblico de procurar justiça no mundo, mas errada quanto a assumir o marxismo como ferramenta de realização desta justiça. 

           Bento 16 foi um duro crítico da ideia de que a igreja deva aceitar soluções modernas para problemas modernos.Nesse sentido, apesar de ter resistido bravamente, com a idade e a fraqueza que esta implica, acabou por ser um papa acuado pelas demandas modernas feitas à igreja e por uma incapacidade de pôr em marcha sua "infantaria", que nunca aceitou plenamente seu perfil de intelectual alemão eurocêntrico. 

           Sua ideia de igreja é a de um pequeno grupo coeso de crentes, fiéis ao magistério da igreja (conjunto de normas para condução moral da vida), distante das "modas moderninhas".
Quais seriam algumas dessas demandas modernas? Diálogo simétrico com outros credos (multiculturalismo), casamento gay, divórcio, sacerdócio das mulheres, fim do celibato, uso de contraceptivos, aborto, punição pública de padres pedófilos (a igreja deveria passar esses padres para a Justiça comum), aceitação de avanços da medicina pré-natal como identificação de fetos sem cérebro e consequente aborto, alinhamento político do clero com causas sociais e políticas do terceiro mundo --enfim, desafios típicos do contemporâneo.
Bento 16 esbarrou com o fato de que a maior parte dos católicos militantes hoje é de países pobres (afora o caso dos EUA, o cristianismo é uma religião de país pobre). 

           Os fiéis, portanto, estão mais próximos de um discurso contaminado pelas teorias políticas de esquerda, que fala de justiça social como um direito "divino" e aproxima Jesus de Che Guevara, do que da complicada discussão acerca dos excessos do iluminismo racionalista ou da crítica bíblica que tende a humanizar Cristo excessivamente em detrimento de sua divindade. 

           Seu próprio clero (sua "infantaria") ajudou no fracasso de seu papado, resistindo sistematicamente à "romanização da igreja", o que em jargão técnico significa centralização das decisões relativas ao cotidiano da instituição na lenta burocracia do Vaticano, com sua típica alienação europeia, distante do "caos" do mundo real do Terceiro Mundo. O Vaticano é muito europeu, inclusive em sua decadência como referência para o mundo no século 21.
Mas há dimensões que transcendem as dificuldades específicas de seu projeto conservador e tocam dificuldades da Igreja Católica contemporânea como um todo. 

           A igreja hoje tem um sério problema de formação de quadros. Antes era "um bom negócio" entrar para a igreja; hoje, quem o faz, salvo casos de grande vocação mística e espiritual ou de revolta contra as ditas "injustiças sociais", é muitas vezes gente sem muita opção de vida.Quando não, tal como é visto por parte da população secular, gente com desvios sexuais graves. 

           Os cursos de formação do clero, quando não totalmente contaminados pelos próprios teóricos que João Paulo 2º chamava em sua encíclica "Fides et Ratio" ("Fé e Razão") de "pensadores da suspeita" contra a fé e a razão (Marx, Nietzsche, Freud, Foucault), são fracos, com professores mal formados e conteúdos vazios. Claro que existem exceções, que, como sempre, em sendo exceções, confirmam a regra. 

           Enfim, o papado de Bento 16 fracassou, em grande parte, em razão do fogo amigo: sua própria infantaria. 


           A Igreja Católica agoniza diante de um mundo que cada vez é mais opaco para quem pensa, como ela, que a vida seja algo mais do que conforto, prazer e liberdade pra transar com quem quisermos e quando quisermos.
            

2 comentários:

  1. Maria Pereira Então, o que posso dizer? Perfeito, até demais! Duvido q alguém tenha mais coerências nas idéias, raciocínio lógico e conhecimento que você. Quando te digo que somos uma parcela da população que tenta fazer a diferença através do que pensamos, as pessoas costumam desacreditar. Então, em artigos assim, em que vc se supera, em que vc" arrebenta", digamos....penso que, não estamos aqui de passagem...estamos pra causar tumulto, seja lá como for....e ta "causado". PARABÉNS, MEU AMIGO! SOU SUA FÃ, NÃO SEI SE NUMERO 1 !

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    1. Espero que os outros artigos que estão em gestação lhe agradem como este. Vamos tentar fazer a diferença, e com isto, ver se consequimos pelo menos melhorar as mentes de alguém. Também sou seu fã.

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